Uma tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com apoio da iniciativa privada é capaz de identificar em apenas 25 segundos as condições de qualidade do leite cru ainda no local de produção.
De acordo com os pesquisadores da estatal, esta pode ser uma solução eficaz para reduzir prejuízos dos pecuaristas de todo o país.
O SondaLeite é um sistema portátil que usa feixes de luz para fazer a classificação quase instantânea do produto. A tecnologia consegue identificar o chamado Lina (leite instável não ácido), uma alteração na qualidade do leite cuja detecção ainda é um desafio nos métodos convencionais.
O teste de qualidade do leite é uma exigência do Ministério da Agricultura e Pecuária para avaliar a acidez e estabilidade do produto no momento de captação nas propriedades rurais.
Os resultados atuais, no entanto, obtidos a partir da submissão do produto ao álcool, ainda geram incertezas, pois podem ter interferências e falhas humanas, diz a Embrapa. O método é utilizado há mais de 100 anos.
Com isso, parte da produção leiteira atualmente é descartada, diz a Embrapa, o que gera perda de renda na cadeia leiteira e passivos ambientais.
Como funciona
O pesquisador da Embrapa Washington Luiz de Barros Melo explica que, para eliminar a interferência humana no processo de análise da acidez do leite cru, o instrumento espectroscópico computadorizado associado a um método estatístico de análise fará o serviço.
A sonda avalia as amostras líquidas por meio de uso da luz emitida e captada, por componentes semicondutores que fazem parte do sistema sensor. O aparelho é composto por câmera de medição, sistema óptico com Diodo Emissor de Luz (LED, na sigla em inglês) e computador embarcado. A tecnologia pode ser operada por qualquer sistema operacional de computador, celular ou tablet.
Uma amostra de 100 ml de leite dentro do equipamento recebe luzes em diferentes comprimentos de onda, que incluem infravermelho próximo (NIR), passando pelo o visível (Vis) até o ultravioleta próximo (UVA).
“Ao incidir sobre o leite, partes destas luzes são absorvidas e partes refletidas. As luzes refletidas são detectadas e convertidas em sinais elétricos que são armazenados na memória do computador embarcado no SondaLeite. Estes dados coletados formam o espectro do leite, que é submetido à análise estatística. O resultado indica, então, a condição de estabilidade do leite”, conta o pesquisador, em nota.
A tecnologia está sendo apresentada ao público nesta semana na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).